quarta-feira, 28 de maio de 2008

ACEITAÇÃO - PARTE II



Tenho plena certeza que estou em sintonia com o Universo. ´


Faz poquíssimo tempo que postei o texto ACEITAÇÃO.


Adoro quando consigo comprovar minhas teses!


E a matéria abaixo confirma o que eu já havia explanado.


Aceitação é a palavra chave, a busca da cura, fé, otimismo e garra são essenciais, mas fatores primordiais para uma qualidade de vida também são: as pessoas que nos cercam e sua boa vontade, localização geográfica, até condições climáticas e tecnológicas.


Obras de artista plástico tetraplégico sensibilizam pela lição de vida
Daniela Jacinto
Notícia publicada na edição de 28/05/2008 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 5 do caderno B - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.

A variação de cores, o jogo de luz e sombra, e a riqueza de detalhes das pinturas não entregam quem é seu criador. O que muitas mãos hábeis não conseguiriam expressar com tamanha precisão, o pintor japonês Tomihiro Hoshino o faz com a boca. Tetraplégico desde os 24 anos, foi com a ajuda da sua mãe que o artista descobriu a pintura. Sem movimento no corpo, é com o auxílio dela que o lápis encontra apoio em seus lábios e o papel fica disposto para a arte. Deitado de lado, Tomihiro desafia os incrédulos e pinta. Completa seu trabalho escrevendo poesias, cujo maior desafio é deixar as letras alinhadas. Suas obras, que já percorreram o Japão e diversas cidades brasileiras, podem ser vistas em Sorocaba até o dia 4 de junho, na Biblioteca Municipal, durante a exposição Arte e Lição de Vida - Aquarelas e Poemas.
Yuji Ogasawara e Yoko Rachel Ogasawara, curadores da mostra, explicam que o público poderá conferir 40 obras de Tomihiro Hoshino. Os interessados ainda terão a oportunidade de conhecer um dos livros do artista, o único traduzido para o português, com poesias, imagens e história de vida.
O artista
A curadora Yoko Ogasawara conta que Tomihiro Hoshino era professor de Educação Física. Um dia, durante as aulas, uma cambalhota acabou ferindo seu pescoço, tornando-o tetraplégico. O professor passou nove anos de sua vida no hospital até que pudesse voltar para casa. Foi no segundo ano que estava no hospital, que começou a escrever, com muita dificuldade e sacrifício. Tudo começou no dia em que sua mãe colocou um lápis na boca de Tomihiro e aproximou o papel. Quando ele conseguiu fazer apenas um ponto nesse papel, ficou tão feliz como se tivesse batido um recorde, explica Yoko. Ainda de acordo com a curadora, como o artista não tem força para movimentar o pescoço, ele fica deitado de lado. E é com a ajuda da mãe que Tomihiro consegue se expressar. Mesmo de lado, ele consegue escrever e pintar de forma alinhada. Primeiro ele desenha com um lápis, aí conforme suas orientações, a mãe ou alguém próximo mistura a tinta e coloca o pincel em sua boca, para que Tomihiro desenvolva o trabalho.
Sensibilizada com sua história, a empresa Suzuki desenvolveu para Tomihiro uma cadeira de roda elétrica, que permite ao artista apoiar o queixo em um pedaço de borracha, e comandar para onde deseja ir. E é assim que todos os dias ele sai passear, encontrando na paisagem ao seu redor a inspiração para suas obras.
Hoje com 61 anos de idade, Tomihiro Hoshino já lançou 10 livros com poesias e pinturas. O único traduzido para o português é Por Caminhos Onde os Sinos Tilintam, traduzido pela filha de Yoko. O nome do livro surgiu a partir de um sino, que Tomihiro ganhou de um amigo. Como não podia balançar o objeto com a mão, explica Yoko, o artista pendurou o sino na cadeira de rodas. Um dia, durante seus passeios, acabou passando por um buraco. Esse obstáculo fez com que a cadeira balançasse e, conseqüentemente, o sino. Foi aí que percebeu o quão agradável era ouvir aquele som. Nesse momento, Tomihiro aprendeu uma lição. Ele costuma dizer, a partir desse episódio, que a vida sem problema, sem aflição, parece que tudo vai bem, mas somente quando a pessoa enfrenta alguma dificuldade é que surge algo belo, mas que estava escondido. Então ele aconselha que não se deve tentar fugir dos problemas e sim enfrentar, porque é somente nos momentos de dificuldade que as pessoas aprendem e que surgem coisas proveitosas.
Yoko diz que essa experiência do artista foi parar inclusive nos colégios. Sua notoriedade fez com que ganhasse um museu de arte para abrigar suas obras, em sua cidade natal, Minori-Shi, no centro do Japão.
Curadoria
Os curadores Yoko e Yuji Ogasawara são de Águas de Santa Bárbara, interior de São Paulo, e conheceram as obras de Tomihiro Hoshino através de uma revista. Em 1990, foram ao Japão e visitaram o artista. Nessa ocasião, pediram emprestado a Tomihiro algumas obras para que os brasileiros pudessem ter acesso ao seu trabalho. E então o artista teve uma atitude que não esperávamos. Ele doou parte de suas pinturas, apenas com o pedido para que não vendêssemos, somente realizássemos exposições, conta Yoko.
De posse desses trabalhos desde 1991, já são 17 anos percorrendo diversos Estados brasileiros. A exposição em Sorocaba é a 86ª realizada pelos curadores no país. Em cada cidade que visitamos, procuramos exibir um documentário que mostra como o artista pinta. Quando as pessoas assistem, conseguem dar mais valor às obras, acredita Yoko. O documentário foi produzido pela NHK, a mais conceituada TV do Japão, e também poderá ser visto em Sorocaba. Essa mostra de trabalhos de Tomihiro fica na Biblioteca até o dia 4 de junho. A partir do dia 6, ela será reaberta na Igreja Metodista Livre, como parte das atividades do Festival do Japão, em comemoração ao centenário da migração japonesa.
A Biblioteca Municipal fica na rua Ministro Coqueijo Costa, ao lado da Prefeitura, e está aberta de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h; aos sábados, das 8h às 16h30; e domingos e feriados, das 13h às 17h. Entrada gratuita. Outras informações: (15) 3232-1745.


EU NÃO PERCO ESSA EXPOSIÇÃO!!! DEPOIS POSTO MINHAS IMPRESSÕES.

(Gy Camargo)



RELIGIOSIDADE X ESPIRITUALIDADE

RELIGIOSIDADE X ESPIRITUALIDADE


Quem me conhece sabe que nasci e fui criada na religião católica.

A formação foi completa, batismo, colégio de freiras, primeira comunhão, crisma e grupo de jovens.

Mas felizmente, ou infelizmente nasci uma pessoa despida da maioria dos preconceitos que as pessoas têm.

Para começar minha madrinha de crisma era católica fervorosa, até a última notícia que eu tive dela ela havia se tornado espírita cardecista, após a morte de seu filho mais velho (e essa religião que deu o conforto espiritual que ela precisava naquele momento, mudou de cidade após o fato, mudou de religião para poder tocar a vida), meu “padrinho torto”, seu marido, é católico ortodoxo.

Meus pais são católicos, cursilhistas, catequistas, carismáticos.

Meu avô era de religião afro-brasileira (não sei dizer se umbanda ou candomblé), quanto a esse fato lembro de duas coisas: ele tinha aqui em casa, onde hoje é o quarto dos armários, em cima de uma cômoda um busto de tal de Pai Jacó, o qual eu não gostava nem um pouco, mas achava que era alguém da família representado em um busto (criança tem cada idéia). A segunda coisa foi no falecimento do meu avô, eu estava indo para São Paulo – para começar a maior burrada da minha vida- e ele havia sido hospitalizado. Fui ao hospital com as malas, e ele não conseguia falar, eu disse que estaria de volta no domingo, ele balançou a cabeça em sinal negativo e derramou uma lágrima. Até hoje não sei se ele quis dizer que não ia mais vir arrastando o chinelinho do quarto e sentando na cozinha, com cara de criança que espera brigadeiro, quando sentia o cheirinho da minha geléia de morangos na panela ou meus pães de queijo assando; ou que era para eu não ir que era o começo de uma enrascada sem precedentes.

Na história do meu avô o que importa, é que as senhoras católicas (pelo que me contam, pois não tive coragem de vir ao velório, aliás, esse é um fato estranho, muitas pessoas amadas, talvez as mais amadas da minha vida que se foram, por um motivo ou outro, eu não fui ao velório) lideradas por minha mãe, claro, rezaram o terço, o padre deu a benção, mas a última pessoa que levantou a voz numa oração foi uma senhora espírita. Minha mãe e minha tia brincam até hoje que meu avô foi teimoso até a morte e deu um jeito de ir embora do jeito dele.

Eu, apesar de toda a formação que tenho, e me que me digo católica por saber toda a liturgia de cor, a Bíblia, os santos e suas histórias, rezar o terço e outras ladainhas, me encanto com as demais religiões.

Tenho amigos católicos, budistas, espíritas, judeus, de religiões afro-brasileiras e outras, e me encanto com as coisas boas que cada religião apresenta.

Acredito que a maturidade me fez ver que a espiritualidade suplanta a religiosidade.

Tempos atrás, resolvi me confessar, fui falar com um padre amigo meu, contei tudo, ouvi conselhos que me foram muito úteis.

Minha mãe ficou esfuziante, pensando: “agora ela volta”.

Como estava adoentada passei a receber a comunhão em casa, junto com minha tia que tem dificuldades de locomoção. Quando melhorei pedi à ministra que trouxesse uma partícula só, para minha tia que eu estava em plenas condições de freqüentar a missa, e assim o fiz.

Sou divorciada e comecei a namorar.

Minha mãe me avisa que a partir daquele momento eu não podia mais comungar, pois o catecismo prega que não pode. É a lei da minha igreja? Sim. Sendo operadora do Direito tenho que ceder, lei é lei.

Tempos depois encontro outro padre amigo, em circunstâncias nada ortodoxas e que, no meu ver é a melhor forma de exercitar a religiosidade.

Meu pai liga no meu escritório e diz: “Você não vai acreditar, paguei uma cerveja para uma pessoa na padaria”. Adivinhe quem era?

Como assim?Meu pai, que não bebe, não fuma e não joga, mas que nem por isso é santo, como todos nós, teria pagado cerveja pra quem?

Foi para outro padre amigo. Que a última vez que me viu eu devia ter uns 15 anos.

Saí correndo para a tal padaria, ele ainda estava lá, compartilhamos a cerveja, e contei a ele a “proibição” embasada de minha mãe. E ele me respondeu que se eu entrasse na fila dele da comunhão ele nem me conhecia e me daria a comunhão, pois eu estaria sendo mais sincera e pura de coração do que casais que vão à igreja, servem de modelo e no confessionário dizem que dormem um de costas para o outro há décadas.

Deste episódio tirei uma única conclusão: o que vale é Deus no coração e atos verdadeiros.

Dias atrás passou na novela “Duas Caras” a cena que a Andréia Biju, dança na mata, sozinha uma dança do Candomblé. Uma cena linda. Comentei com minha mãe que é uma pena que as religiões afro-brasileiras tenham sido tão deturpadas, pois, se continuassem na sua essência, seriam tão significativas e tão belas quanto as indígenas, as budistas, que pelo menos aparentam não terem perdido sua essência após serem transportadas para outras culturas.

Na realidade estou pisando em terreno arenoso, porque a católica se deturpou, a evangélica também e tantas outras. Tanto que temos que procurar mestres espirituais com muito cuidado e ter discernimento em ouvir o que nos dizem, infelizmente.

Estou numa fase muito espiritualista. Semana passada, brinquei com minha mãe que foi semana de “todos os santos” Santo Ivo, patrono de uma das minhas profissões, a que exerço firmemente agora, Santa Rita de Cássia, para quem tanto clamei e hoje só tenho a agradecer, Corpus Christi e ainda Pentecostes, pois agradeço ao Espírito Santo por muita iluminação dada nesses anos.

Vi numa reportagem que também, na Bahia, foi dia do Santo, que no sincretismo, representa São Jorge, esse para mim é “o cara” que me vestiu com uma armadura, um elmo, um escudo e uma espada e me deu forças para cortar a cabeça de muitos dragões nesses últimos anos.

Dia desses tive um sonho e acordei feliz, cantando Rosas da Ana Carolina. Na mesa do café, disse a meus pais que tinha a impressão de ter pensado a noite toda e que havia acordado cansada.

Quando fui lavar minha xícara, me lembrei do sonho e rapidamente contei para minha mãe, eu estava muito emocionada, chorando e perguntei a ela se o sonho era do bem ou do mal, e ela disse que era do bem. O sonho eu posto depois. Mas era dia da ministra trazer a comunhão para minha tia. A ministra até brincou dizendo que aquele dia era um dia de milagres, pois eu estava em casa no sábado pela manhã e me convidou para a oração, na hora da comunhão ela perguntou se eu iria comungar, já repartindo a única partícula que havia trazido, na certeza do meu sim. Não respondi nem que sim nem que não, apenas disse: hoje eu preciso!E comunguei, sob a intercessão da minha mãe que entendeu que aquela era uma ocasião excepcional, na qual a liturgia em que eu fui criada seria meu único alento.

Estou em repouso ainda e agradeço a oportunidade de poder ter um tempo para escrever.

E só tenho uma coisa a dizer: estou bem com Deus, quando estou meio balançada assisto uma palestra do Pe. Leo, do Gasparetto, do Pe. Fábio de Mello; ouço Aline Barros, Jamile, e naquela hora de stress pratico o tonglen.

Estou cuidando do Deus que há dentro de mim.

Ouvi um dia definirem DEUS assim: Dentro o Eu Superior.

Ontem minha criativa Tia Dita e minha mãe estavam trocando figurinhas sobre a coroação de Nossa Senhora e palestras, e eu pensei que tenho tanto a dizer, tanta experiência de vida e espiritual para passar, gostaria tanto de dividir com outros em palestras tudo que aprendi sobre a força da Espiritualidade. Mas nas minhas comunidades, as que freqüentei não dá, vai chegar um ponto que o que tenho a dizer é conflitante com a doutrina pregada. O que para mim é hipocrisia, mas, o que posso fazer?

Postar é uma boa saída...e tenho certeza que essa foi uma iluminação do Espírito Santo.

E vamos àquela máxima do Evangelho, dita pelo próprio Jesus: “Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça”.

(Gy Camargo)

terça-feira, 27 de maio de 2008

NARCISO ACHA FEIO O QUE NÃO É ESPELHO

Quando estamos desenvolendo uma linha de pensamento parece que as coisas "surgem" para confirmar o que pensamos.

Ontem escrevi sobre aceitação, obviamente não está escrito tudo que passou pela minha cabeça ao escrevê-lo.

Fui péssima aluna de matemática, mas aprendi bem a tirar a prova da operação feita.
Ontem escrevi sobre ACEITAÇÃO. E hoje veio a confirmação que nçao divago tanto assim quando escrevo.

Hoje me deparo com esse texto que amei e transcrevo, com os devidos créditos:



Quando as pessoas falam bem de nós, achamos isso o máximo e chegamos até a acreditar! Isso engorda o nosso ego, mas não é nada perto do valor que creditamos a nós mesmos...

O professor de Filosofia mais uma vez foi escolhido para ser o paraninfo da turma que recebia o certificado de conclusão do ensino médio. Durante todo o ano letivo levou para dentro de classe mil e uma reflexões. Mexeu e remexeu com a vida. Tocou em feridas. Mostrou contradições. Aprofundou até as raízes. Cruzou com a crença, com a descrença. Provou que ponto de vista só é visto de um ponto. Desmistificou. Relativizou. Enfim, dissecou o ser humano, os seus sonhos, as suas contradições e as relações com a natureza através do bisturi cortante da racionalidade.

Ele decidiu que a festa de formatura deveria ser mais uma lição de vida, mais uma reflexão e presenteou os seus alunos com um espelho, daqueles pequeninos, comprados às dúzias na feira livre das ruas. No final da cerimônia, um dos alunos indagou-lhe sobre o significado daquele mimo estranho e o professor devolveu-lhe a questão: Afinal, para que serve um espelho? Para a gente se ver..., respondeu o discípulo. Coçando a cabeça, o aluno começou a ligar o cérebro!

Pessoalmente, em tom jocoso, lançaria a famigerada pergunta: Espelho, espelho meu, há alguém mais belo do que eu? Lembro-me de uma brincadeira, que certa vez fiz no Palácio do Governo, em Campos do Jordão, quando visitávamos as obras de arte lá existentes e ao passarmos, obrigatoriamente, em frente a um imenso espelho de cristal, eu me fiz de guia e disse a todos, em voz alta, que ali refletida, se encontrava a mais importante obra artística. Todo o mundo riu, mas acho que poucos entenderam... Só sei que entre os antigos gregos, o ser humano era considerado o mais belo e perfeito entre todos os seres! Houve um grego exagerado que foi além e morreu extasiado contemplando no espelho-dágua a própria imagem... Até hoje chamamos de narcisista o sujeito que só sabe contemplar o próprio umbigo! E o nosso planeta está cheio de Narcisos!

A minha caminhada existencial vem mostrando que depois que se entra nos anos enta (quarenta, cinqüenta...) é mais decepcionante o refletir-se no espelho, mas também já cheguei à conclusão de que isso é pouco diante da ousadia que devemos ter de olhar para nós mesmos para balbuciar alguma coisa verdadeira sobre quem somos... Aí o bicho pega! Quando as pessoas falam bem de nós, achamos isso o máximo e chegamos até a acreditar! Isso engorda o nosso ego, mas não é nada perto do valor que creditamos a nós mesmos... Difícil é ter coragem de buscar a nossa genuína identidade, aceitar que somos um ser que se constrói indefinidamente... Ah, espelho, espelho meu! Objeto onde me miro e nem sempre me admiro!

Além desses papos de reflexão, de contemplação, de comiseração, de aceitação, de condecoração da própria imagem, há ainda um verbo chato de se conjugar que é o verbo espelhar ou espelhar-se. Já ouvimos a afirmação de que devemos nos espelhar em alguém muito especial... Até aí, tudo bem. O drama começa quando somos solicitados a ser o espelho na vida das pessoas, de modo que quando elas nos observam contemplam um pouco de si mesmas e vêem em nossa vida um possível exemplo a ser levado em conta.

Descobri que o espelho dado pelo professor, foi um presente de grego! Conclui que, ao contemplar-me, a angústia não vem mais pelas rugas ou pelo pouco cabelo que ainda resta na cabeça, mas pela falta de coragem de encarar-me, de afrontar-me e com ousadia propor o conhecimento de mim mesmo. Tudo isso para ser um pouco mais humano... Espero que ainda haja tempo, espelho meu!

Professor João José Corrêa Sampaio, mestre em Filosofia da Educação e em Teologia e Coordenador do curso de Filosofia, da Uniso. (joão.sampaio@uniso.br)

segunda-feira, 26 de maio de 2008

ACEITAÇÃO


O tempo, o amadurecimento, a força de vontade e o reforço da espiritualidade nos faz aceitar o que achávamos impossível.

Desde pequena tenho minhas complicações de saúde.

Entre meus amigos um dos meus apelidos é pata, porque quando pequena usava botinhas ortopédicas e sempre tive nádegas avantajadas e a burra mostrou a foto para eles (sou inocente, vez por outra). Conclusão: correr nem pensar. Era tal de amarrar cadarço, tropeçar nas próprias pernas, cair e ralar o joelho sem fim.

O Mertiolato era o meu melhor amigo.

O que eu acho lindo em crianças e adolescentes é que ainda não internalizaram a palavra limitação.

Ainda nessa época tinha bronquite, e era tal de mãe mandar calçar os chinelos, não ter bicho de estimação em casa, sair agasalhada, não tomar gelado. Por eles eu seria a “menina da bolha”.

Libertei-me desse problema, saindo com a bombinha a tiracolo.

Aí quando tudo parecia resolvido, fiquei “mocinha”. Veio a dorzinha, a coliquinha, a cólica, a dor insuportável, o enrijecimento e infamação de músculos e gânglios, os enjôos, os desmaios, as quedas de pressão.

Vamos lá novamente aos médicos, até hoje vinte e dois, fiz questão de somar.

Quando adolescente a medicina não era tão avançada, na ultra-sonografia apareciam cistos.

E sempre a mesma história: “Você toma essa pílula que vai passar”. Além de não passar vinham os enjôos, retenção hídrica, dor de cabeça e outros sintomas.

Voltava reclamando dos sintomas e davam um remédio para a dor de cabeça, outro para a retenção hídrica e outro para o enjôo.

O remédio para o enjôo dava sono e eu estudava, minhas notas baixavam e eu procurava outro médico numa “via-crúcis” infindável.

Os cistinhos, indetectáveis antigamente eram miomas, com muita pesquisa, descobri que havia a videolaparoscopia.

Eu tinha três desses bichinhos e, por circunstâncias que não vem ao caso, eles aumentaram.

Dois foram retirados e sobrou um coladinho à veia aorta abdominal.

Inextraível.

Hoje, todos os meses são dez dias de sufoco.


Todos esses sintomas, e, o penúltimo médico visitado disse que, se eu quisesse “tentar” fazê-lo sumir tinha que tomar hormônios, que me fariam ficar com sintomas piores.

Obrigada, não.

O último foi melhor ainda, sugeriu uma histerectomia, topei, marquei, mas quando a assistente me ligou para confirmar, desisti.

Mais uma vez, obrigada, não.

Nessas idas e vindas de tentarem que eu trocasse um problema por outro resolvi, depois de muita espiritualização simplesmente aceitar.

Creio no avanço cada vez mais rápido da medicina e que está por pouco uma solução.

Nessa história toda ainda tinha o trabalho, era penoso ir trabalhar morrendo de dor, pressão baixa e “dar show” desmaiando em qualquer lugar.

Enchia-me de analgésicos, antiinflamatórios, sal na bolsa e ia rezando para não desmaiar e bater a cabeça na guia e morrer. Se bem que se isso acontecesse era porque havia chego minha hora e pronto.

A partir do momento que aceitamos as nossas limitações as coisas fluem a nosso favor.

Como trabalho com advocacia, posso fazer meus processos na cama, enviar, pedir para um colega fazer uma audiência, quando necessário, como hoje.

E eu que me achava uma incapaz por esse probleminha, depois que o aceitei, ele mudou de forma.

Tenho os mesmos sintomas, mas graças ao meu empenho desses últimos anos, conquistei a possibilidade de trabalhar na cama nesses dias.

Se for imprescindível minha presença real e não virtual, aí sim tomo injeções, sal na bolsa e outras providências (Banco até o Dr. House, se necessário for).

Hoje foi engraçado, me pediram um adendo num contrato e, de mau humor, disseram que era urgente.

Simplesmente orquestrarei tudo daqui e amanhã tal documento estará nas mãos do solicitante.

Quando aceitamos nossas limitações tudo fica mais fácil e temos a mente mais aberta para arrumar soluções.

Nem por isso duvido da minha cura, estou pronta para ela a partir do momento que descobri as causas psíquicas que me levaram a ter esse problema.

Foi a simples falta de aceitação de um fato que para mim, até o ano passado parecia tão importância.

O psíquico afeta o físico e precisamos estar atentos, por exemplo, a não aceitação de si mesmo causa problemas de pele simplesmente porque o paciente não se aceita e rejeitando-se, a pele fica lesionada. (Maior exemplo: Michael Jackson e seu vitiligo).

A mágoa gera problemas pulmonares.

Mágoas e problemas acumulados sem solução, término, esclarecimento, geram câncer.

Nosso corpo tem dupla função: avisa-nos quando algo está errado em nossa alma e se regenera quando encaramos a doença e a causa psíquica dela.

A medicina, a fitoterapia e outras milhares de opções podem nos ajudar, mas primeiramente devemos encarar o problema, aceitar que ele existe, conviver com ele buscando a cura e vivendo normalmente a cada melhora, nem que durem quinze minutos, um dia, dez dias ou vinte.

Neide, Damara e Cida que o digam, vocês são meus exemplos de superação mais próximos: Cura total de câncer em tempo recorde e a mais tinhosa delas sem quimioterapia.

Quem não as conhece pode se basear em Cláudio Drewer José Siqueira, Procurador da República. Pois algumas vezes a cura não vem.

Enquanto a minha não vem, Deus, em sua infinita bondade, me proporcionou um trabalho que é adequado a esse probleminha, uma família e amigos que o entendem, companheiros de trabalho que também compreendem, um companheiro de vida que leva isso tudo numa boa e estar geograficamente bem localizada.

A chave é a aceitação.

Aceitação cura ou ameniza.

Revolta piora.



Deixa-me voltar para os meus processos... e para meus três litros de chá de alecrim.

(Gy Camargo)




DEUS TRABALHA ATRAVÉS DE CAMINHOS MISTERIOS






DEUS TRABALHA ATRAVÉS DE CAMINHOS MISTERIOSOS

Bom dia Sra. Cíntia Melo!

Hoje é seu aniversário. Quantos anos você está fazendo? E quantos anos você amadureceu hein negucha? Acredito que muito mais do que você está fazendo, pelas atitudes corajosas que tem tomado.

Eu gosto de dar presentes originais, e, pela distância e por eu adorar escrever, te dou de presente esse post.

Lembro que te conheci no orkut, creio que por eu estar fazendo curso de DJ na época.

Época doida, em que estávamos, eu acabado de voltar para Sorocity, piradinha das idéias e você também recém chegada e com saudade da vida que tinha deixado em Tatuícity.

Eu sem saudade nenhuma de onde tinha vindo, querendo jogar fora quase 18 anos de estudos e viver de música, ao mesmo tempo querendo fazer faculdade de Psicologia (Dizem que é o sonho de todo doido ), me readaptando na advocacia, querendo terminar meus estudos de Inglês e ser tradutora, ou seja, totalmente perdida.

Na realidade hoje eu sei que o que eu queria mesmo é que a alegria voltasse para a minha vida.

Sempre vestidíssima, maquiada, perua no último, mas na verdade o que eu queria era voltar a externar a alma bonita que estava guardada embaixo de tanta tristeza.

Você, como te disse na época, “sempre alerta”, com um escudo protetor e uma carinha que dizia: “Eu quero sair daquiiiii!!!!

Aí é que entram os caminhos misteriosos de Deus.

Primeiro você me contou que era de Tatuí, eu contei que gostava da cidade, adicionei uma comunidade sua de Tatuí, e parou por ali, naquele momento.

Depois teve meu aniversário, e eu ainda querendo botar para fora a alma daquela Gy exuberante que sempre fui, mas estava tentando só externar, através do visual, mas por dentro estava um caco, um farrapo humano cheio de mágoa, rancor, raiva, ira e sentimentos de vingança.

Certo dia você me convida para uma festa na casa do Dri Porem, eu vou, chego lá, as bonecas tinham ido ao comprar sei lá o que.

Nessa me aparece Wall, me mede dos pés a cabeça, olha meu pai de chofer e me diz para entrar com cara de quem pensa: “De onde surgiu essa perua”?

Tento ser simpática, aí vocês chegaram e eu me soltei... acho que até um pouco demais naquele dia.
E a vida foi seguindo, eu sempre na casa de vocês, reclamando da vida, do escritório onde trabalhava, de cada uma que o ex-marido me aprontava, da descoberta de falsos amigos de anos, mesmo assim me divertindo.

Hoje eu sei que o Santo do Wall não bateu com o meu de cara porque ele conseguia ver que eu estava perdida e problemática e dando uma de alegrinha. Agora a gente até dá altas voltas a pé, só nos dois e pára numa pracinha pra bater papo, falar da vida, sentimentos e espiritualidade.

Aí vieram todos os outros meninos, sua mãe, minha afinidade com a Ká e viramos uma turma que tem em comum muita sensibilidade e garra.

Daquela comunidade de Tatuí, que vi na sua página me aparece a sobrinha do Mikita, que começa a teclar no MSN comigo até o dia que ele entra no mesmo cyber que ela e pela cam começamos a sorrir um para o outro, dar tchauzinho e estamos juntos, na luta e reconquistando nossos espaços juntos.

Você arrumou seu primeiro emprego, do seu jeitinho foi orquestrando sua vida e, de repente, vira e fala: Galera, fuuuui!

E foi mesmo, madura, em busca da sua felicidade com quem você ama.

Eu fiquei aqui, fui melhorando, conquistando meus espaços.

Acredite se quiser (rolando de rir), até sua irmã foi uma peça-chave na minha vida. No dia do meu divórcio não poderia ter outra pessoa comigo que não fosse ela. Ela me ajudou a manter a paz interior que eu havia encontrado e não perder a “classe e a compostura” e voar de porrada em cima do extinto e do ex amigo, que pareciam dois capetas tentando me tirar do foco e da serenidade conquistada a tão duras penas (rolando de rir).

Ela me disse que preferia me ver pobre e falida e com a paz de espírito que eu havia conquistado, a ficar estressada como eu ficava por causa desse assunto.

Conclusão, não quis nada além do que era meu (meus diplomas) e juridicamente o mandei engranzar, o que era meu e que podia ficar por lá ou no lixão que dava na mesma.

Até minha relação com minha casa e família mudou.

Hoje eu amo essa casinha amarela, construída as duras penas, há 60 anos atrás, pelo meu avozinho, perto da cidade, a contados 157 passos da escolinha onde subistituo esporadicamente, porque a advocacia tomou conta da minha vida, com meus três velhinhos, cachorro e papagaio, onde atormento todos eles com meu bom humor insuportável e recebo meus verdadeiros amigos. E entre eles estão o pessoal que freqüenta a casa da sua mãe e que vieram em comboio, no ano passado, quando souberam que havia perdido uma pessoa muito querida.

A afinidade é tanta que eles até sabem que se eu desapareço é porque to trabalhando feito doida, e quando recuso muitos convites pra sair é porque estou estressada e prefiro me recolher.

Mas eles não se deixam abater, me cutucam até que eu expresse tudo que estou sentindo, para não ficar com negatividade acumulada. E tudo isso ocorre naturalmente, o que é o mais legal.

E Deus usou você como um dos instrumentos para que eu chegasse onde estou.

Sou muito grata a você por isso.

Te adoro muito, só não me comunico mais por falta de tempo e sei que nossas vidas mudaram e os horários não batem e coisa e tal.

Obrigada de coração Cizoka, você uma vez disse que íamos abalar Sorocaba, mas fizemos melhor do que isso, abalamos nossas estruturas, tristezas, rancores e medos, amadurecemos e hoje somos “AS MINA FIRMEZA”, e não tem pra mais ninguém.

Feliz Aniversário. Seja muito feliz na sua nova vida, com seu amor, seu trabalho e dá um alô de vez em quando, viu...

Bjks, da eterna Gyzoka!!!




HOJE EU TÔ DE CAMA...

... O que significa muitos posts, até quando eu aguentar!

terça-feira, 20 de maio de 2008

JUSTIÇA

JUSTIÇA

Escrevi esse texto em 15 de janeiro de 2008, na minha agenda, numa dessas paradas filosofais entre uma audiência e outra.

Esqueci esse texto até ontem, quando no Fórum encontro com Dr. Carmine Grasiozi (desculpe se errei na grafia de seu sobrenome doutor), com seu bom humor de sempre e ainda na ativa. De tudo que ele nos ensinou sobre Processo Civil, uma frase ficou guardada: “Sempre cheguem ao cartório com humildade, peçam ao cartorário com educação e bom humor e, se tiverem alguma dúvida utilizem a mesma humildade e digam que não sabem fazer determinado procedimento e peçam ajuda. A arrogância só atrapalha e gera antipatia.”.

Graças a Deus esse é o meu jeito mesmo então ficou fácil aplicar quando eu não sabia nem protocolar.

Conversamos, caminhando para o mesmo cartório e me ocorreu de comentar esse texto com ele.

Ontem também foi dia de Santo Ivo, padroeiro dos advogados.

Coincidência boa, pois fazia anos que não via esse meu professor.

Ele estava acompanhado de um ex-aluno de vinte anos atrás, e eu contei que era da turma de 1996.

Então, ele sempre divertido disse que gostaria muito de uma homenagem de seus ex-alunos: a módica quantia de mil reais, de cada ex-aluno, a título de homenagem.

Ri muito e me comprometi a passar o recado para a turma de 1996. Imagine a soma, mais de vinte anos de ensino jurídico para turmas de cem alunos em média, no período diurno e noturno. (eu me contentaria com cem reais de cada aluno que passou por minhas mãos na pré-escola, brincadeira meninos, vão pagar a faculdade, os livros, comprar computador, etc.).

Disse a ele que dava para ele se aposentar, tirar férias e viajar pelo mundo.

Quando estávamos rindo e pegando a senha ele, com seu humor e humildade impagáveis me pede: “filha, por favor, olhe esse processo para mim, nesse treco porque não me dou muito bem com ele”. Era o computador de andamento de processos.

Ri mais ainda, fiz o que me foi pedido, e lembrei a ele que meu primeiro computador foi comprado com o intuito de fazer minha Monografia de final de curso. Esta, modestamente ficou ótima, depois de várias madrugadas insones.

Terminei meu trabalho, me despedi e voltei para casa para passar aqui esse texto, mas só deu certo hoje. Pois tive que colocar uns adendos:

JUSTIÇA

No ano passado completaram-se doze anos do meu compromisso com a justiça.

Ao todo se totalizam dezessete anos (e, segundo o Dr. Cármine, que comentou meu texto, não são só dezessete. São cinco de faculdade, doze de formatura e continuamos estudando até hoje. Sábio mestre, sempre com razão).

A prática da mesma me levou a questioná-la.

Comecei a perceber que as pessoas que litigam judicialmente levam ao Estado apenas o elemento volitivo, que normalmente, na área Cível e principalmente na área de Família são principalmente seus egos e questões pessoais mal resolvidas.

As partes tendem a utilizar a justiça, não para a solução de seus conflitos práticos e materiais, a usam para a satisfação de seus egos ao serem considerados vencedores num litígio.

Venceu e conseguiu o que com isso? Dinheiro? Respeito? Consecução de um projeto? Vingança?

Não se conquista judicialmente esses itens. Conquista-se com atitudes efetivas.

Sei o quanto é prazeroso proferir o famoso “por que no te callas” a cada vitória judicial.

Porém, o melhor “cala-te” se dá quando não nos importamos e até esquecemos as motivações que nos levam a demanda.

Esquecer é a maior vitória nessas demandas. Aliás, esquecer realmente é a maior vitória em qualquer demanda.

Quando não nos importamos mais significa que estamos cientes das nossas potencialidades e as executamos sem estarmos atados a fatos e atos que não fazem mais parte da nossa vida, nem revivemos incessantemente momentos desagradáveis.

A partir desse momento somos realmente livres e vitoriosos.

Aprendemos e apreendemos o melhor que uma experiência desagradável nos causou e seguimos em frente amadurecidos.

Quem é maduro tende sempre a conciliação. Quem é maduro media seus próprios interesses. Fala, cala e expõe seu ponto de vista apenas com um olhar, sem discursos e exacerbações excessivas.

Que os olhos cegos da justiça sejam sensíveis e os operadores do Direito sejam sábios ao economizar os órgãos jurisdicionais, utilizando-se dos mesmos apenas em situações de extrema complexidade ou de concretização de atos indispensáveis.

O restante se resolve desenvolvendo a maturidade das partes para que elas, entre si, componham a melhor solução para seus conflitos.

Como operadora do Direito sei que isso é utópico e que fomos treinados para a batalha judicial árdua. E assim será durante muito tempo.

Como ser humano, em constante evolução, discordo desta encenação cujo único texto é escrito por desejos individuais sob o amparo legal.

A maior Justiça quem faz é o tempo que, inevitavelmente mostra quem é o detentor da razão.

(Gy Camargo)

segunda-feira, 19 de maio de 2008

PARA A GAROTINHA SOLITÁRIA E CARENTE

PARA A GAROTINHA SOLITÁRIA E CARENTE.


Oi Flor, esse texto é para a senhorita mesma.

Estive pensando sobre seu caso e me lembrei que algo muito semelhante me aconteceu quando eu tinha a sua idade e nessa mesma época do ano. (Essa é uma das vantagens de ser velha, a gente tem história pra contar que servem, se não de exemplo, de alento para coraçõezinhos tristes).

Quando eu tinha a sua idade é que ocorreram aqueles fatos que você já conhece e que terminaram como você bem sabe.

Ocorreu igualzinho: eu num namoro estável, com uma pessoa instável e, numa das milhares de nossas brigas apareceu “umazinha”, como certas pessoas de sua faculdade, se fingindo de coleginha e nhoc! Levou meu namorado.

Em maio eu até agüentei, mas chegou junho, em pleno dia 12, dos namorados eu fiquei um caco.

Coincidentemente minha tia me ligou neste dia e eu contei a ela, como ainda faço hoje que estava triste.

Ela só respondeu: Vem pra cá e você e sua prima saem.

Peguei o Cometa em menos de meia hora e fui, para espairecer.

Naquele dia tinha um baile, de Dia dos Namorados, ninguém merecia, mas fui assim mesmo com minha prima.

Era show do Negritude Júnior em começo de carreira (role de rir, eles usavam roupa de cetim com lantejoulas naquela época).

Cheguei ao show, tranqüila, descontraída e fui pegar uma bebidinha (na época eu gostava de cuba, mas a cuba daquele lugar, eu brinco até hoje que era feita de metanol).

Alegrei-me um pouquinho e minha prima queria ficar grudada no palco. Fui com ela.

De repente, passa por mim um negro lindo, alto e de bigode (e eu odeio bigodes, mas aquele ia com bigode e tudo).

Já alegrinha eu disse pra minha prima: Vá, eu quero aquilo! E apontei o moço que estava entrando no banheiro.

Minha prima nem entendeu direito, ficou lá grudada na frente do palco e eu fui ao bar pegar mais uma bebidinha... rs.

Eis que no bar estava o bigodudo em questão, olhou, maravilha e encarou, ótimo.

Nisso veio outro mocinho falar comigo e o bigodudo me olhava e fazia uma cara de quem dizia: “não dá bola pra esse cara não”.

Eu achei engraçado peguei meu copo e saí. Dei uma de que estava perdida da minha prima, rsrrsrsrsrs, e fiquei parada fingindo que a procurava e de olho no bigodudo.

Ele veio falar comigo e em 5 minutos já sabíamos que tínhamos o mesmo sobrenome, que ele era policial (aí o complexo de Electra gritou...) e, era dez anos mais velho que eu.

Era mais do que eu ia pedir a Santo Antônio no dia seguinte.

Ficamos, no final do show, quando eu me despedi ele disse que me levava embora.

Eu que só conhecia moleques da minha idade e que na época tinham dificuldades de comprar carro, quase morri achando que a generosidade divina enfim tinha se abatido sobre mim.

Descemos umas ruas e ele foi pegar o carro dentro da Delegacia, onde havia guardado. Senti-me uma princesa com um príncipe num cavalo branco.

Ele nos deixou na casa da minha prima e eu, que ainda era tímida, não pedi nem dei telefone.

Voltei para Sorocaba no outro dia completamente apaixonada e sem saber como achar a criatura.

Sofri na segunda, pedi para um colega da faculdade, que era policial, o telefone do quartel da cidade dele.

Eu não era como a senhorita, não tinha coragem de ligar, mesmo morrendo de vontade.

Pedi para a moça que trabalhava em casa que ligasse lá e dissesse que a prima dele ligou e passasse o meu telefone (celular naquela época era ficção científica) se ele estivesse interessado ligaria. ( Sempre fui essa coisinha cheia de escrúpulos, mas naquela época eu era pior).

A moça que trabalhava em casa disse que não ia saber fazer isso.

Exatamente como uma colega de trabalho nossa, chamei um amigo íntimo, da época, na minha casa e pedi para ele dizer o mesmo que havia pedido para a mocinha que trabalhava em casa.

Ele fez direitinho, só que a telefonista passou pro ramal do bigodudo e ele atendeu.

O tal amigo tampou o bocal do telefone e dizia que era ele e que era para eu falar, correu para o meu quarto e colocou uma música romântica, até hoje não esqueço qual era: Love is in the air. (Joga no Youtube, rs)

Quase morri de vergonha e disse uma das frases mais idiotas da minha vida: Adivinha quem é...

Como que uma garota pergunta uma coisa dessas para um cara de 29 anos, morador de São Paulo escoladíssimo na mulherada, só eu mesma, naquela época.

Disse que era eu, ele perguntou se eu estava em São Paulo e como o tinha achado.

Respondi se ele havia esquecido que eu era estudante de Direito, filha de policial, na época e, portanto, tinha um bom faro para detetive.

Com essa minha resposta o papo fluiu e marcamos de nos ver de novo.

Era tal de todo sábado pegar a malinha e ir para a Rodoviária... rs.

Até que um belo dia ele contou que tinha uma noiva evangélica e que por isso estava sempre disponível para sair comigo aos sábados.

Meu mundo caiu. Só disse a ele que estava tudo muito bom para ser verdade.

Parei de ligar, e quinze dias depois quando ele me ligou eu disse que estava ocupada todos os finais de semana do mês.

Ele nunca mais ligou.

Eu o vi fazendo a segurança no show da Whitney Houston, e na hora da música do guarda – costas, me debulhei em lágrimas abraçada a uma, digamos, quase mulher, que conheci no show e que a princípio, porque eu fiquei na frente gritava que ia me dar giletadas. Depois fomos nos enturmando e terminamos o show chorando juntas e abraçadas.


Espero que a história tenha servido para você rir um pouco.

Mas a mensagem é: “Depois de uma frustração amorosa, não tenta sair pegando o primeiro que aparece”. Dê-se um tempo, curta, passeie, saia sem a intenção de arrumar alguém, pois a ansiedade manda uma energia negativa para quem nos interessamos.

Uma mulher feliz sozinha, de bem com a vida e com a auto-estima elevada, por ela mesma é muito mais atraente e atrai homens muito mais interessantes.

Espero que tenha valido a dica.
Calma muié, tudo se ajeita!!!

Bjks, pense nisso...
Gy

sábado, 17 de maio de 2008

MAIO, MÊS DAS NOIVAS

MAIO, MÊS DAS NOIVAS.


Que delícia, hoje, sabadão, eu em casa, com nove por cinco de pressão, em pleno dia que tem o casamento da Tâmara eu tinha que maquiar a Lu e a Kaká pra festa, só Virada Cultural, para citar apenas alguns nomes dos que iam se apresentar: Jair Rodrigues, Pedro Camargo Mariano, DJ Madu, entre outros, a cultura rola 24 horas e a boneca aqui, doidinha para comer um pote de sal e ir pro fervo. Cadê o namorado... Só Deus e ele sabem, porque faz milênios que desisti de colocar GPS nessas criaturas. Comigo é assim, quer, faz por merecer, não quer “pede pra sair” antes que eu saia.

Segundo todos os professores de ginástica que passaram em minha vida, não é bom procurar um médico para obter um remédio que suba a pressão, porque depois que sobe não há o que abaixe. E eu que já tive isso uma vez sei o quanto é horrível e capaz de levar alguém para a além vida rapidinho.

É óbvio que tem sempre aqueles médicos práticos que estão me dizendo: você está se alimentando mal, pare com esse regime; ou você está malhando demais, diminua o ritmo. Mas não tem um santo que diga: você está assumindo muitas responsabilidades, trabalhando demais e, portanto estressada e seu corpo não está agüentando. Só um médico formado mesmo diria isso, mas para eu ir ao médico, fora das obrigações periódicas, só mesmo um milagre. Especializei-me em soluções caseiras.

Como não estou com paciência de ver as agruras da Portelinha, resolvi fazer uma das coisas que mais gosto: escrever.

Então resolvi ficar na caminha e escrever um conto engraçado, “fictício”, sobre essa cultura popular das noivas de maio. Já repararam o número de editais de casamento que começam a surgir em março... Não sei de onde veio essa tradição, se alguém puder me informar, fico grata.


Qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência, e como, quase ninguém lê esse blog, ninguém vai juntar alhos com bugalhos de uma história que é muito antiga.

Vamos lá:

Virgínia é a nossa protagonista, uma quase balzaquiana, que sempre foi afoita em querer tudo de uma vez só, um bom estudo, um bom emprego, um excelente marido, casa, família unida e filhos.

Para ela nunca faltaram homens, o que faltava eram homens que preenchessem todas as suas exigências: beleza era o de menos, mas prezava inteligência, caráter, valores, bom humor e não falta de educação achando engraçadas coisas sérias, fidelidade cega (aí que é a porca torce o rabo) e certos atributos que, na maioria das vezes só os homens tem: força física, instinto protetor e masculinidade latente.

Eis que um belo dia Virgínia conhece Paco. Se eu disser onde e como, o conto perde a graça e a ficção.
Ficaram amigos, aí rolaram uns beijinhos, a história evoluiu e a balzaquiana casadoira acreditou enfim achar sua metade da laranja.

Tudo foi muito rápido, do dia em que se conheceram até o casamento foram seis meses, e telefonemas diários de umas três horas, em média, cada um.

Aí que vem a parte engraçada: a maioria das mulheres que conheciam Paco fez boicote, intrigas, outras foram mais legais, só deram um toque sobre o caráter do rapaz. Mas Virgínia estava cega, achando que era ciúme das moçoilas, e Paco lhe garantia fidelidade eterna.

Eis que começa o desastre: Virgínia vai conhecer os sogros, que procuram ser simpáticos, mas “algo” pairava no ar. A sogra pede a Virgínia que não deixe Paco abandonar o psicólogo. E Virgínia ceguinha. Os cunhados não foram tão esfuziantes quanto os outros 20 que já havia tido.

No dia da compra da roupa do casamento lá se vão a pobre Virgínia e a família do noivo. Todas as roupas que ela via, a família achava cara. Até que ela se encheu, pegou o primeiro terninho que viu por um preço módico, afinal ia casar-se apenas no Civil, e disse que ia levar “aquilo” e pronto.

Voltou para a sua cidade na dúvida, pois iria morar em outra cidade. Mas não tinha se dado conta que naquele local, que parecia o paraíso, os hábitos eram tão heterodoxos.

Mas, como aprendeu desde cedo a honrar a palavra dada, se despediu do trabalho, amigos e família e “foi na fé”.

A fé foi tanta que agüentou casar-se sem “dia da noiva”, meia hora antes do casamento o futuro marido decidiu ir ao posto lavar o carro.

Os salgadinhos da festa foram feitos pela empresa que fornecia comida no trabalho do futuro marido.

Os nubentes foram juntos para o local da cerimônia, com os salgadinhos na parte de trás do carro, o bolo no colo da noiva e os pratos, embalados presos entre suas pernas. E mesmo assim Virgínia casou.

A van que transportou sua família apreendida na estrada, e os policiais queriam a nota fiscal dos presentes que levavam aos noivos, ofertados pelas pessoas que não puderam ir.

O atraso e descaso dos convidados para a cerimônia civil foi um outro sinal e Virgínia nem se tocou.

A festa mais chata que já viu na sua vida foi a de seu casamento, tanto que não agüentou e quando os convidados se recolheram, foi com o “marido” e alguns convidados mais jovens “ferver” numa boate gay. Pois não estava acreditando no ocorrido.

A lua –de - mel nem merece comentários alem do dia em que o “marido” se empanturrou de tanto comer no hotel e ela acordou com o marido, no banheiro chamando o nome de outro homem: Huuuugoooo!
Não demorou muito tempo para descobrir a verdadeira personalidade de Paco, tão gentil no começo.

Foram discussões, traições virtuais, reais, telefônicas, grosserias, agressões morais e depois vieram as físicas, claro.

Virgínia adoeceu gravemente, por motivos físicos, psicológicos, falta de respeito e apoio, e, como chamavam na época da escravidão, “banzo”, que era a saudade da terra natal.

Tentou até a “saída de emergência”, mas nem assim se livrou da confusão em que havia se metido.

Esgotadas as possibilidades, resolveu ser moderna e tirar férias conjugais, com o combinado de que ela e Paco falariam todos os dias pelo MSN.

Toda vez que chamava por Paco, no MSN, ou Skype ele se dizia ocupado baixando filmes.

Neste meio tempo se juntou a algumas amigas de infância, e outras que eram da infância também, mas ela não sabia que uma delas tinha inveja dela desde tenra idade.

Nas suas férias conjugais e total abandono de Paco, eis que uma das “inimigas” de infância e outras da mesma estirpe, que se diziam mulheres modernas a colocaram numa enrascada.

A “inimiga” de infância era casada, mas tinha amantes, e Virgínia, já piradinha das idéias, começou a achar tudo “normal”, se os homens fazem, porque as mulheres não...

Sentindo sua auto-estima abalada, Virgínia, como se diz por aqui, caiu no fervo. Estimuladíssima pela “inimiga” de infância.

Até que surgiu a derradeira proposta: a inimiga, percebendo seu companheiro de olho em Virgínia, propôs que ela começasse a se relacionar com ele, deixando-a livre para relacionar-se com seus amantes.

E assim foi feito o acordo secreto entre os três.

Virgínia e o novo “sabe-se lá o quê”, porque amante não era, iam ao cinema, barzinhos, saiam para dançar. Enquanto a “inimiga” de infância se esbaldava com seus amantes.

Mas como quem não tem competência, não se estabelece, a “inimiga” perdeu todos de uma vez só, seu trabalho, e só lhe restou o marido, para pagar as contas. Ligou para Virgínia e disse que o pacto estava acabado.

Poe Virgínia tudo bem, pois havia recuperado boa parte de sua auto-estima, mesmo assim, sempre tendo que dar a palavra final, ligou para o “sabe-se lá o quê” e agradeceu por ter sido feita de joguete na mão do casalzinho indeciso.

O moço se magoou, procurou Virgínia que o mandou “seguir a luz” e tomar cuidado com a companheira.

Esta não gostando da advertência fez mil loucuras, saiu dizendo pro mundo que Virgínia tentara arruinar seu casamento. E neste mundo estava incluído Paco.

Este, por sua vez, se uniu aos seus amigos (que por curiosidade eram amigos de Virgínia há anos, antes de conhecê-lo, êta fidelidade masculina).

A história virou um filme de 007, os ex-amigos de Virgínia a espionaram, tiraram fotos do carro que tinha comprado, e sabe-se Deus mais o quê.

Virgínia, esperta como ela só sabia que lá vinha “chumbo grosso”, saiu divulgando estar ótima, caindo nas baladas, viajando, tudo para Paco saber.

Não deu outra, ele entrou com uma ação de “abandono de lar” e na petição alegava que ela havia deixado o lar para ficar com outro. Tolinho... eram outros, no plural.

Como conhecia a personalidade tosca de Paco tinha certeza do que ele ia fazer sabendo da recuperação de sua auto-estima, arrumou mil namoradas, viagens e bens, e fazia questão de divulgar suas “aventuras”.

Virgínia, espertíssima, só colhia as provas.

Três anos após o início do litígio, Virgínia já estava melhor de saúde física e mental e na audiência de Divórcio renunciou a tudo, com a alma lavada, auto-estima recuperada, e saiu comemorando como se tivesse ganhado um milhão de reais mensais de pensão alimentícia.

Mas ela ganhou muito mais que isso: um “karma” a menos, e a auto-estima e o respeito profissional elevados.

Esse é só um conto para as mulheres que precisam de um empurrãozinho para tomar certas decisões que mudarão suas vidas.

AGORA, PARA AS DUAS ALESSANDRAS E TAMARA, AS NOIVINHAS DE MAIO QUE EU CONHEÇO DESEJO TODA A FELICIDADE DO MUNDO, SAÚDE, PROSPERIDADE, COMPANHEIRISMO E UMA DESCENDÊNCIA ABENÇOADA. VOCÊS MERECEM.

PARA OS NOIVOS RECOMENDO E DESEJO O MESMO E SÓ UM CUIDADINHO COM AS VARIAÇÕES HORMONAIS E TPM DAS NOIVAS. O RESTO SE AJEITA.

(Gy Camargo)

Para as lindas noivas deste mês, as que citei e as que não conheço, termino com uma musiquinha que é para dar uma força para que tudo corra bem e dure anos e anos:http://youtube.com/watch?v=J4JS2OjG5pk

P.S. Algumas das noivas que me desculpem a ausência, vocês sabem que eu sou forte, mas parece incrível, nas horas mais impróprias meu corpo falha. Esse é meu presentinho para vocês. Corajosas e bem mais virtuosas que Virgínia.
Bjks,
Gy

segunda-feira, 12 de maio de 2008

DIA DAS MÃES

DIA DAS MÃES.



Esse texto é uma miscelânea de emoções!

Neste ano nem quis saber de escutar essa frase. Tudo bem que é apenas uma data comercial, coisa e tal, mas me fere um pouco.

No ano passado foi mais tranqüilo, eu estava dando aula na pré – escola naquela semana, e, estar com os anjinhos me faz muito bem.

Neste ano não deu, a advocacia está me puxando para longe dos meus anjinhos, então não tive contato com eles nesta semana.

No ano passado foi legal, ensaiamos as músicas, os teatros, e deu até para esquecer, por alguns momentos, a minha posição de mãe de anjo.

Só tive uma pequena crise de choro no final da festa, mas as colegas estavam lá passando aquela energia positiva.

Nesta semana não sei dizer ao certo o que me deu.

O caso Isabella Nardoni mexeu muito comigo.

Como é que uma mãe, no caso Anna Carolina Jatobá, teve a coragem de surrar e esganar uma garotinha, sendo mãe de dois filhos, sendo que o mais velho tem o mesmo nome do meu: Pietro.

Esse caso mexeu com minhas emoções e saúde.

Lembrei-me de todas as injeções, que ainda me doem quando chove e que tomei para segurar meu bebezinho e não perdê-lo, todas as internações e eu segurando com todas as forças (e só Deus, Pietro e eu sabemos as dores que passei) para que ele continuasse abrigadinho no meu ventre e não nascesse antes do tempo.

Da cara de pena da Adriana da farmácia que me aplicava tais injeções.

A pré-eclampsia traumática.

O parto difícil.

A descoberta que ele tinha síndrome de Patau e não sobreviveria.

A garra dessa criança, que superando as expectativas mais pessimistas sobreviveu por vinte e dois dias.

A minha garra, mesmo pós cesariana, tomando chuva, sol, vento, dormindo onde Deus quisesse, chorando no corredor e não derramando uma lágrima na frente do meu Pequeno Guerreiro.

O dia em que o vi sofrendo demais e disse a ele que se quisesse ficar que lutasse, pois eu o aceitaria e cuidaria com todas as suas deficiências, que seriam muitas, ou se estivesse cansado que descansasse, pois nenhuma criança merecia sofrer daquele jeito.

No mesmo dia ele se foi.

Ontem, assistindo Ana Carolina Oliveira dar seu depoimento no Fantástico revivi tudo isso, mas também revivi as madrugadas, quando eu acordava, pois ele, ainda na minha barriga pressionava meus rins e eu corria pro banheiro.

Daquela hora em diante, sempre por volta das quatro da manhã, eu não dormia mais. Perguntava a ele o que ele queria fazer: ouvir historinhas, ver TV ou ouvir música e a ligação mãe e filho nunca me deixaram errar o que ele queria, pois ficava calminho a cada escolha.

Era uma farra nossas madrugadas: eu ia testando que tipo de música ele iria preferir, e o danadinho curtia Pink, Christina Aguilera, Natiroots, e ficava quietinho ouvindo Shakira, eu achava incrível.

Tinha também o código dos chutes, que significavam que ele não estava confortável naquela posição, detestando certos lugares, barulhos e pessoas.

Nos vinte e dois dias em que ele viveu, apesar de todos os problemas, a minha maior paz era estar ao lado dele e saber o que significava cada expressão.

Quando ele se foi, eu entrei num estado de animação suspensa que durou uns três anos. Era a falta de conformismo, misturada a revolta, a saudade, e tantos outros sentimentos.

Aí é que aparecem “ as malas”. Aquele povinho que te manda reagir, arrumar outro filho logo, e a vontade de responder que se eu cortasse a mão da infeliz criatura totalmente insipiente no que dizia, se ela iria arrumar outra logo e se conformar em uma semana, mês ou ano.

Cada um tem seu tempo de luto, ontem ganhei uma rosa do meu pai e dei uma rosa para minha tia Maria INXS (apelido de casa porque a velhinha não é mole não), que também é mãe de outro anjo que amávamos, Cláudio César, que nos honrou com sua presença por vinte e cinco anos e sua alegria inesgotável.

Abracei INXS, dei a rosa e disse a ela, com lágrimas nos olhos e esse meu jeito de moleca: Inês Maria, feliz “qualquer coisa” pra nós.

Para mim valeu a entrevista da Ana Carolina Oliveira, que disse que há momento, lugar, hora, pessoas certas e oportunidade para extravasar essa dor que nunca passará.

Meu momento é esse, meu choro é valido e legítimo, minha saudade é inenarrável, mas como disse essa nova mãe de anjo, Ana Carolina, a nossa luta para honrarmos nossos filhos é o que nos da FORÇA, GARRA, VONTADE, de viver, lutar e vencer.

Meu beijo no coração de todas as mães, no da minha, que é incrível, e além do beijo, meu carinho todo especial para as mães de anjos e de crianças especiais.

(Gy Camargo)

DIA DAS MÃES