quinta-feira, 12 de junho de 2008

CONTINUANDO O POST ANTERIOR SOBRE DEPRESSÃO E SÍNDROME DO PÂNICO

CONTINUANDO O POST SOBRE DEPRESSÃO E SÍNDROME DO PÂNICO


Não é fácil perdoar.
Em outra palestra que assisti do saudoso Pe. Leo, ele dizia que vivemos num mundo “Big Brother”, onde excluímos das nossas vidas as pessoas que nos fazem algum mal, terminamos casamentos, relacionamentos e amizades com facilidade. Colocamos as pessoas no “paredão”.
Particularmente confesso que, por não ter atingido ainda a maturidade espiritual que almejo, sou assim. Já fui pior. Algumas pessoas eu “perdoei”, desejo que sejam felizes, como costumam brincar comigo, quando digo que quero que esta ou aquela pessoa “siga a luz” (que tenham seu brilho próprio e o que puder lhes acontecer de melhor, mas bem longe de mim), mas não as quero mais no meu convívio.
Sei que espiritualmente não é o adequado, mas sou humana e tenho falha, por mais que esteja na busca da paz interior. Quem sabe nesta busca um dia eu mude.
Pe. Leo gostava do seu jeitão “bronco de ser” e radical, segundo o Dr. Savioli, porém no período terminal de sua doença reclamava só das dores, e ainda consolava seu médico. Ele ainda disse que ia aproveitar todos os momentos do seu câncer para a cura espiritual.
Corpo e espírito, segundo o palestrante estão interligados e o médico é quem Deus incumbiu de cuidar de sua obra-prima: o homem.
Pe. Leo não blasfemava contra sua doença, mesmo sofrendo agia com retidão.
No último Hosana que participou Dr. Savioli não o proibiu de ir, pois ele estava inteiro dentro da sua verdade.
O que nos ensina a não viver em torno das preocupações. E assim, segundo o médico, ex-ateu, ele se santificou.
A obra de Pe. Leo, a Comunidade de Bethânia trata os dependentes químicos sem remédios, com a força da fé e os assistidos não apresentam síndrome de abstinência.
Pe. Leo chorou sim, durante sua doença, pois os religiosos que tem fé são também seres humanos e, portanto, passíveis de adoecer.
Este foi um adendo que Dr. Savioli fez durante a palestra.
Voltando ao assunto depressão, o palestrante disse que pode ter origem física ou genética.
Segundo o que eu entendi, o indivíduo pode ter uma predisposição que piora quando se depara com alguns problemas em sua vida.
A depressão leva ao suicídio sim! E, segundo o palestrante, “peru morre na véspera sim”. Se alguém deprimido perto de nós começar a cogitar idéias suicidas, precisa de socorro imediato. Se você não souber como agir, pois não é médico, ao menos se esforce para que o paciente tenha o tratamento mais adequado. Pode ser oneroso, mas menos oneroso que um funeral.
Conheci algumas pessoas que se suicidaram.
Para mim é difícil falar sobre o assunto, porque fui uma suicida e só estou hoje aqui, blogando, bem e feliz, porque talvez Deus, a força Superior, a Fonte, tem planos para mim, que pode ser até repassar, em algum momento, essa experiência dolorosa a quem precise de alento.
Conheci três pessoas que se enforcaram.
Soube de uma mãe que jogou seu bebê pela janela e pulou logo em seguida. Ambos morreram.
As pessoas diziam: “Coitado do marido”. E eu, com minhas anteninhas, lembrei que meses antes o havia encontrado num barzinho da noite carioca, em companhia de uma moça, e quando perguntado sobre a família, disse que: “Só tinha saído da faculdade para tomar um chopinho.”.
Quando soube da tragédia, rapidamente me lembrei do rapaz no barzinho e a esposa em casa com o bebê, tarde da noite. Cada um que tire a conclusão que quiser desse fato. Eu tenho minha opinião formada (pois o vi no tal bar e não gostei da atitude e até comentei com a pessoa que me acompanhava), mas não quero induzir ninguém a julgar.
Meu melhor amigo se suicidou, hoje quando lembro de seus e-mails me atenho ao detalhe que ele se despedia escrevendo: “até...”. E eu nem imaginava o que ele podia estar pensando, pois antes do “até...”, brincava muito, falando das mazelas de sua vida e relacionamentos.
Não me culpo por não ter percebido, pois tínhamos um diálogo tão franco que ele podia ter falado para mim e não disse.
Segundo o Dr. Roque Savioli o suicida se torna, em seu silêncio, um “engenheiro” de sua própria morte e deu como exemplo o enforcamento: a pessoa mede certinha a altura e verifica a corda.
Quando quis apertar a “saída de emergência” fiz o mesmo, calculei tudo, arquitetei durante meses em sigilo durante madrugadas insones (não conto o que fiz, algumas pessoas sabem, porque sei que vários suicidas entrarão no Google, digitarão suicídio e cairão aqui, em busca da “receita”). A receita é: fale com quem confia, peça implore ajuda se necessário, se está num ambiente pernicioso, saia urgentemente daí, procure as pessoas que te amam. Se você está achando que não tem ninguém, faça um esforço, puxe pela memória, mesmo estando magoado. Procure um bom médico, um bom líder espiritual ao invés de ficar arquitetando em silêncio.
Estou aqui por um milagre, olha para mim, veja meu sorriso, paz que conquistei e as pessoas que me cercam. TUDO TEM SAÍDA SIM, E NÃO É A DE EMERGÊNCIA!
As pessoas têm vergonha de falar sobre isso. Eu não. Quero ser fonte de vida e redenção de outras pessoas.
Segundo o palestrante e eu concordo, o depressivo acha que não tem saída, que está dando trabalho para os outros. Vou ser sincera, está sim, mas não por vontade própria, mas sim por uma disfunção, uma doença. Se fosse assim, tetraplégicos, paraplégicos, operados e até gripados optariam por deixar esse mundo por “estarem dando trabalho”.
Para quem convive com o depressivo, peço a caridade de não agravar a situação reclamando, mandando-o reagir, deixando-o sozinho, chamando-o de preguiçoso ou inútil, aí sim você ajudará a construir um suicida.
Voltando a palestra, quem atesta a cura da depressão é o médico, disse Dr. Savioli. Coloco aqui mais uma experiência pessoal: num dia em que me achei liberta joguei toda a minha medicação fora e decidi que nunca mais tomaria.
Passaram-se meses e voltei para o retorno com a médica, dizendo estar ótima, ter passado pela morte do meu melhor amigo, o final da novela do meu divórcio de “cara limpa”, fazendo ginástica, alimentação saudável, namorando, trabalhando, saindo com amigos, enfim feliz. Eis que escuto o improvável: mocinha, acho ótimo seu empenho, parabenizo, mas quem atesta a sua cura é sua médica, você vai continuar tomando a medicação sim. Como brinco: “recolhi meu trem de pouso” e só disse: sim senhora. Não sou louca de contrariá-la porque nunca mais quero passar por isso.

É como o hipertensivo ou o diabético, controle constante e vida normal e plena.
O palestrante ainda disse: quando for tomar o remédio ore para que ele lhe proporcione o que seu corpo necessita. Não se automedique e também não creia em mentores espirituais que inadvertidamente digam a você que está curado e pare com a medicação.
Por culpa de alguns maus profissionais os médicos passas a ser desacreditados.
Para a medicina o que chamamos de milagre, são cientificamente apenas curas inexplicáveis.
Para a fé milagre significa mudança.
Segundo o Dr. Savioli Deus interfere sim, mas assumir a graça não significa não tomar o remédio. O remédio é um instrumento de Deus. Parar de tomar remédio é ignorância. Quem atesta a cura é o médico. Quem atesta o milagre é só o Vaticano e, para os leigos, no Vaticano a palavra final sobre um milagre é dada por um membro da comissão que é ateu.
Segundo estudos da Universidade de Pavia, a reza do terço (aqui incluo também orações de outros credos) mexe com o fluxo sanguíneo, dando tônus simpático que ativa e restaura diminuindo a arritmia cardíaca provocada pela ansiedade, provocando um relaxamento.
A oração leva a cura espiritual e física provocando relaxamento. Quem é católico sabe que ao rezar o terço, vai batendo aquele soninho...
Ler a Bíblia alimenta o inconsciente, pois cada vez que a lemos, dependendo do momento que estamos interpretamos o mesmo texto de maneira diferente (lembro-me de ter lido o livro “Perdas e Ganhos”, de Lya Luft, quando estava depressiva e piorei, quando li sobre a sua relação com a mãe com Mal de Alzeheimer, pois naquele momento havia sofrido uma perda irreparável e não podia nem pensar em perder minha mãe. Passada a crise reli e achei lindo).
Na religião católica, ainda segundo o doutor, a confissão é importante porque a pessoa precisa de um estímulo visual (a presença do padre), que representa Deus no inconsciente.
Tive duas experiências marcantes nesse sentido, quando me confessei e fiz terapia com Frei Walmir, da Santo Antônio, ele me perguntou (afirmando) se eu tinha medo de assumir minhas responsabilidades, depois de tanto tempo parada: trabalho, novo relacionamento, novos filhos, cuidar dos meus pais, tia, cachorro e papagaio. E era isso mesmo.
Depois foi com Frei Cid, da Vila Assis no começo do ano passado, quando confessei tudo que havia feito e não condizia com minha índole e falei sobre o meu processo de separação. Ele me perguntou se eu não renunciava a tudo (bens materiais) por orgulho ou necessidade e que eu seria mais feliz com a renúncia. Passaram-se meses, minha vida foi melhorando em todos os níveis e, quando perdi meu melhor amigo é que notei que os bens materiais e sinais externos de riqueza são uma bobagem sem sentido.
Novamente voltando à palestra, Dr. Savioli comentou que Jung era protestante e ateu (minhas anotações aqui não batem, escrevi correndo, se era protestante como seria ateu... se pesquisar não termino o post), observou que um dos sinais do catolicismo, a confissão é benéfica, pois a pessoa se abre e fala o que sente.
Disse ainda que devemos honrar os médicos porque eles são instrumentos de Deus. Disse também que devemos orar para achar o médico adequado ao nosso problema e rezar antes de tomar o remédio.

Bem, postei a palestra, revelei segredos meus, não à toa, mas com a finalidade de ajudar quem linkar aqui.

De minha parte, tomo os remédios direitinho, trabalho, faço ginástica, ouço música, assisto filmes, tenho uma alimentação sadia, mantenho o bom humor, medito nas dificuldades, oro, namoro, danço, caio na balada, leio, escrevo, converso com amigos, relevo o relevável, resolvo mal entendidos na hora e, claro, vou comprar os livros do Dr. Roque Savioli.

(Gy Camargo)

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