sexta-feira, 27 de junho de 2008

GUARDA COMPARTILHADA II

Sempre que possível, antes da promulgação da lei, propunha aos meus clientes essa medida.
99,9% a rejeitaram de imediato.
Eram claros os interesses: usar os filhos como "moeda de troca" e "instrumento de chantagem", a velha briga pela "pensão alimentícia", que, quando observamos, algumas mães usufruem mais do dinheiro do que os alimentados.
Outro problema é usar a criança como "mantenedora do casamento", comameças do tipo: "se você sair por essa porta lutarei na justiça para que você nunca mais veja seus filhos".
A partir desse momento começam toda a sorte de acusações pessoais e também acusações que um dos ex-cônjuges, bebe, joga, é drogado ou maltrata a criança que muitas vezes não vê nada disso ou sabe ser essas acusações uma grande mentira.
Na cabecinha das crianças vem a pergunta: tudo isso por minha causa...devo ser um transtorno na vida de meus pais, e aí temos mais um serzinho problemático desde a infância, que sabe-se Deus o que fará na vida adulta.
Sou grata à vida por ter vivenciado na pele essa história de briga por pensão. Mesmo não tendo mais o filho que gerei, coloquei a idéia fixa de que deveria ser pensionada por estar doente, como meio de "reparação de todos os males que haviam me feito".
Parece ridículo uma operadora do Direito pensar dessa forma. Mas antes de ser operadora do direito sou um ser humano com suas falhas e virtudes.
A vida foi generosa ao me proporcionar oportunidades de tratamento e trabalho sem o menor auxílio da pessoa com quem estava me separando.
Hoje, passado todo o problema, analiso os casos.
Para algumas jovens saudáveis tenho vontade de dizer: VAI A LUTA MINHA FILHA. ( E contar tudo pelo que passei).
Para outras que vejo nitidamente o que chamo de "cara de Rivotril" (depressão e doenças psi) e que não tem quem as auxilie aí digo: VOU A LUTA POR VOCÊ MINHA FILHA.
Voltando ao assunto da guarda compartilhada, só tive um caso. Muito bonito, onde o pai solteiro se apresentou a mim querendo formalizar o pagamento da pensão para a filha, bem como regularizar as visitas.
A mãe relutou o acordo sobre as visitas (mas nem reclamou da prestação alimentícia...), mas na conciliação foi tudo tão bem resolvido que, hoje o pai vai levar a criança na escola, a avó paterna vai buscar, a criança passa a tarde com a avó paterna (pois a mãe da menina trabalha), a avó materna vai buscá-la e os pais acordaram um finais de semanas alternados com a menina, e numa excepcionalidade, conversar e entrar num acordo, mesmo que através das avós.
Esse é meu caso 00,1%.
Resta a pergunta, a nossa sociedade está preparada para essa mudança, ou os consultórios de psicologia infantil serão os novos "negócios do futuro", após essa promulgação....
O tempo dirá...eu tenho minhas observações e intuições.
(Gy Camargo)

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