Passei pela sala e vi o jornalístico da Record transmitir a matéria toda.
Me causou comoção, quando era mais novas e achava que devia "carregar os problemas do mundo", certamente estaria arrasada, estou comovida e chocada, mas não arrasada, pois descobri que quem "carrega os problemas do mundo", muitas vezes quando necessita de ajuda em seus ínfimos problemas, "o mundo" não está nem aí.
Não quis ver a matéria nesta semana, hoje não vi o espancamento, fiz questão.
Só quero me ater a fatos.
Sou sorocabana, moro no pertinho do Fabiano, devo tê-lo visto, cumprimentado, mas não me lembro dele.
Todos afirmam que ele é um menino bom, trabalhador, catequista da Santo Antônio, filho exemplar.
Ele foi à Soft.
Logo que volltei a Sorocaba fui duas vezes lá.
Passaram-se dois anos e estava na lanchonete ao lado, degustando um pastel e não me agradou a atitude dos frequentadores, que sentaram-se na mesa ao lado, gritavam para o garçom, falavam "gírias de malandro", colocavam os pés sobre as cadeiras e terminaram com uma guerra de comida.
Aquele ato me incomodou.
Quando era adolescente saia por essa cidade, em bando de trinta, iámos a pé ao cinema, sorveteria, shopping e o máximo da bagunça era rir muito.
Já havia umas pequenas gangs, que se enfrentavam na Praça Central na comentada rivalidade Circulo Italiano x Recreativo. As brigas eram feias, mas tinha o Soldado Caruso (com quem discuti na Câmara Municipal reinvindicando melhores condições de trabalho para os Guardas Municipais e hoje reconheço seu trabalho, meio truculento, mas eficaz.) que quando chegava com seus comandados a confusão se dissipava. O Edgar, segurança do Recreativo, mas se o problema se agravasse ia para a praça, e tantos outros.
Voltando ao caso de Fabiano, percebi que a violência está cada vez mais evidente em nossos jovens.
Na primeira classe de pré-escola que substituí quando voltei( uns quatro ou cinco anos), um certo dia abri o armário e quando fechei, dois meninos, de quatro anos brigavam. Em questão de segundos um envolveu o outro em uma "gravata" e socava o fígado do mesmo. Tracei uma estratégia para que essa violência acabasse. Até aulas de Body Kombat dei...rs (Desespero pedagógico), na aula de Educação do Movimento, e dá-lhe roda da conversa, o uso das "palavrinhas mágicas" obrigatório entre outros estratagemas...
Surtiu efeito.
Uma professora me confidenciou que foi ameaçada por um aluno da segunda série, outra que achou pinga na lata de coca-cola de outro aluno.
Esses e outros fatores que levam a esse resultado desastroso.
Um dos agressores teve o pai assassinado num bar aqui perto na época dos ataques do PCC (imagine o ambiente familiar desses agressores).
A família não educa mais e delega essa função à escola.
Costumo brincar que ainda subistituo esporadicamente em pré-escolas, para que eles não venham me procurar depois de adultos por alguma "treta"( trabalho preventivo).
A nossa revolta é grande, meus pais e minha tia que conhecem a mãe de Fabiano, Sebastiana, a Tiana estão perplexos.
Parece que ao invés de evoluir estamos involuindo como seres humanos de geração em geração.
Já tive vontade de esmagar muita gente, como um pernilongo chato que incomoda a ponto de nos fazer perder a paciência. Mas cresci com valores e princípios, impostos sim, até por pessoas que não teriam a menor "moral" para impô-los, e aprendi a chamar a polícia antes de agredir, apesar que hoje...
Quanto aos seguranças omissivos, me revolto, mas, conhecendo o lugar, tenho outro ponto de vista: Eram muitos, foram revistados ao entrar, mas na confusão poderiam muito bem ter pego uma arma com alguém nas lanchonetes ao lado (não estou dando argumento de defesa para seus advogados, apenas fazendo uma constatação).
Saudade da velha Soft, onde a Rê cantava com a Banda Set Up e eu batia ponto nas sextas-feiras após a faculdade.
Fabiano você está nas orações do Brasil. Reaja, se puder sua mãe e amigos esperam por você. Se não der, lamento dizer, descanse em Paz.
Oro para que lhe aconteça o melhor.
Pais, educar não é bater, ou omitir-se, é presença e exemplos efetivos; e a firmeza quando necessário.
Dona Tiana, sei um pouco do que a senhora está passando. Muita FORÇA e FÉ.
Quem puder integre a campanha para a redução da maioridade penal:http://livreepensadora.blogspot.com/2008/06/justia-para-fabiano-dias-rodrigues.html, repassem e-mails. Essa corrente sim é válida!
(Gy Camargo)
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